domingo, 4 de maio de 2014

Suriléia, mãe monstrinha


Era uma vez uma mãe. Uma mãe como outra qualquer.
Esta mãe tinha duas filhinhas queridas. Uma chamava-se Margarida e tinha seis anos. A outra chamava-se Violeta e tinha quatro anos. E, aliás, esta mãe também tinha nome, chamava-se Suriléia, mas não me lembro mais quantos anos ela tinha vivido.
A mãe, Suriléia saía todo dia de manhã para trabalhar e voltava só no final da tarde. Era uma mãe como tantas outras que existem por aí. A única diferença é que, chegando em casa, a Suriléia se transformava.
Não virava Super Mulher ou Mulher Maravilha. Virava Suriléia-Mãe-Monstrinha, com dois colos, quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Ficava um barato de mãe!
A Margarida e a Violeta achavam super legal ter em casa só para elas, a Suriléia-Mãe-Monstrinha.
Querem saber como Suriléia virou Suriléia-Mãe-Monstrinha ???? Foi assim:
“Todo dia naquela casa, era a mesma história. A Suriléia voltava para casa do trabalho e era sempre derrubada no chão pelos abraços das filhinhas, até que deixava a Suriléia bem contente, apesar de que se machucava um pouquinho. O que Suriléia não gostava era a confusão. Cada uma queria mais atenção que a outra, queria a mãe só para ela e então Suriléia ficava quase louca!
Enquanto a Margarida contava toda animada que tinha feito um teatrinho na escola, a Violeta queria colo e queria contar que, naquela dia, tinha brigado com a amiguinha porque as duas queriam brincar com a mesma boneca. E Suriléia queria ouvir a história das duas, só que as duas contavam tudo ao mesmo tempo. E então, ela queria olhar para as duas, só que quando olhava para Violeta, a Margarida puxava o seu rosto, e vice versa quando olhava para Margarida, a Violeta puxava o seu rosto. Sem conseguir entender nada, a mãe resolvia então que o melhor era ir dar banho nas crianças.
A Margarida ligava o chuveiro e ia tomar banho. A Violeta então, sentada na privada fazendo xixi, começava a chorar porque queria ser a primeira a tomar banho. E, enquanto a Violeta berrava e a Margarida gargalhava porque a Violeta chorava, a Suriléia puxava os cabelos, pensando no que poderia fazer para acabar com aquela barulheira.
E então, depois de toda aquela confusão, com as meninas prontas para o jantar, começava a confusão na cozinha. Porque, depois da confusão da sala, vinha a do banheiro. E, depois da confusão do banheiro, vinha a da cozinha, né?
Quando acabava o jantar, vinha a disputa por causa da historinha. Todo dia, a mãe Suriléia contava uma historinha. Só que Violeta, que era menorzinha, sempre queria a história do Lobo Mau, enquanto que a Margarida ficava cheia de tanta história de Lobo Mau e queria Caça ao Tesoura, Peter Pan, etc.
E, toda noite, Suriléia saáa do quarto com os braços duros e doloridos, pois tinha de sentar-se no meio das camas e dar a mão para as duas.
E foi numa noite dessas quando foi dormir com os braços duros e doloridos, que ela sonhou que virava Suriléia-Mãe-Monstrinha com dois colos, quatro pernas e duas cabeças. E achou tão legal aquele sonho, que quando acordou, tinha virado Suriléia-Mãe-Monstrinha mesmo!!!! Achou incrível e foi acordar as filhas que, depois do susto, acharam a mãe super legal daquele jeito e davam pulos de alegria, cada uma num dos colos da Suriléia-Mãe-Monstrinha.
Quando Suriléia ia trabalhar, virava Suriléia normal, como as outras mulheres. A Suriléia-Mãe-Monstrinha só existia dentro de casa.
Só sei que, então, tudo ficou uma maravilha naquela casa. Menos para Suriléia, né?” 

ZATS, Lia. Suriléia-Mãe-Monstrinha. São Paulo, Paulinas. Série 

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