sábado, 13 de abril de 2013

História de JECA TATU

O ALMANAQUE DO JECA TATUZINHO
Em 1910 o farmacêutico paulista Cândido Fontoura criou a fórmula de um medicamente tido como fortificante e abridor de apetite, rico em ferro, para ajudar a sua esposa que era anêmica e tinha uma saúde bastante frágil. Naquele tempo, o ideal era ser gordo e magreza era doença.
O grande escritor Monteiro Lobato, amigo do farmacêutico Cândido foi o grande incentivador desse medicamento, inclusive batizando-o de BIOTÔNICO FONTOURA e, a partir daí passou a ser o maior marqueteiro do produto, criando um “Almanaque” cujo personagem principal JECA TATU, se transformou no maior garoto-propaganda do Biotônico. O tema que serve de esteio para a estória de Monteiro Lobato é HIGIENE, SAÚDE E TRABALHO.
O Almanaque do Jeca Tatu, distribuído gratuitamente nas Farmácias, era muito procurado pelas pessoas do interior, principalmente pela meninada ávida por ler a estória de Jeca. Acredito que todos os atuais sexagenários brasileiros tiveram em suas mãos, pelo menos um exemplar do “Almanaque do Jeca Tatu”, e se deleitaram com a estória inventada e contada por Monteiro Lobato.
Somente as crianças que viveram em uma pequenina cidade do interior do Brasil, sem rádio, televisão, energia elétrica, bancas de revistas e brinquedos industrializados, nas décadas de 1940 e 1950, têm ideia da importância de uma revistinha como o Almanaque do Jeca Tatu, motivo pelo qual o Blog XIQUEXIQUE publica uma edição do mesmo para que as crianças e os jovens de hoje tenham a oportunidade de ler essa importante obra de um dos nossos maiores escritores e que fazia o maior sucesso naquele tempo:




"HISTÓRIA DE JECA TATU.Monteiro Lobato
Jeca Tatu morava no sitio. Era solteirão, por isso vivia só. Não totalmente, porque tinha um cão preto, sempre por perto. O apelido de Jeca Tatu advém da maneira como vivia. Caipira assumido e sempre muito sujo. Daí o TATU que é um animal que vive em buracos na terra.
Morava em uma tapera cheia de buracos, onde a lua faz clarão. Também não consertava nada. No quintal só se viam um franguinho magricela, um patinho sem mãe e uma leitoazinha que corria por todos os lados em busca de alguma comida. Jeca, de cócoras, no quintal tomava sol. Não calçava, pois não tinha sapatos. Usava um chapéu de palha, camisa xadrez e uma calça surrada.

Plantar? Qual o que. Tinha muita preguiça. Meia dúzia de covas para o plantio do milho, e já entregava a rapadura. Buscar lenha no mato, era outra dificuldade. Vinha sempre com uns poucos gravetos nas costas.
O melhor era descansar. Deitava-se em baixo de uma árvore e ferrava no sono. O cãozinho aderira a vida e o caráter do dono. Estirado nas pernas do Jeca dormia a sono solto. Ah! Mais a marvada da pinga, estava sempre por perto. Era o que atrapalhava e muito.

Um dia passou por ali um médico que ao ver o Jeca, naquele estado de penúria, e amarelo de tanta debilidade física, compadeceu-se dele e pediu para que mostrasse a língua. Logo em seguida disse: "Você esta com a língua muito suja. Com certeza está com estômago e intestinos em mau estado. Venha á cidade em meu consultório, que vou providenciar uns exames e ver como está sua saúde". 
Jeca foi ao consultório do Doutor e depois de feito alguns exames, o médico concluiu que ele precisava fazer um bom tratamento, alimentar-se melhor e deixar a cachaça.
Além do mais, obrigou o Jeca a andar sempre calçado com botas, pois era pela sola dos pés, que passavam os micróbios que lhe danificavam a saúde.


O médico lhe mostrou, ainda, através de uma lente de aumento a ação dos micróbios. Jeca ficou abismado com o que ficou sabendo. Até o cãozinho preto do caipira estava de testemunha do que o doutor falava.




Na volta para casa, Jeca passou na farmácia e já mandou aviar a receita Eram algumas vitaminas e Biotônico Fontoura um fortificante que estava fazendo o maior sucesso. Comprou também algumas frutas e legumes ovos e leite, passando a setratar melhor.
E não deu outra. O nosso Jeca começou a ficar forte e passando a mão em um machado, cortava lenha em abundância. Depois quando ia ao mato trazia um belo feixe na cabeça. Tomou gosto pela coisa e a sua plantação de milho, feijão e mandioca começou a produzir.



Saia para caçar e não tinha medo de nada. Ouvia a onça rugir e enfrentava a danada com socos e queda de braços. As feras corriam logo, embrenhavam-se pelo mato e Jeca ficava vitorioso no confronto. Sua fama alastrou-se na redondeza.



Ficou gordo e bonitão. Arrumou até casamento. Fez uma casa maior e bem feita, com varanda e tudo mais. Andava de chapelão e botas. Teve filhos que ele também não deixava que andassem descalços. Pois sabia agora quanto vale a saúde.Tão compenetrado era, com respeito a isso, que até seus porcos e galinhas, tinham botinas.



Criava porcos em pocilgas bem construídas e duas vezes por ano, levava-os em seu caminhão Para vende-los no mercado da cidade. Comprou mais terras e formou uma pequena fazenda a quem deu o nome de Fazenda Feliz.



A sua vida, ficou totalmente modificada e para muito melhor.Tinha telefone, e uma TV que via á noite, sentado em uma cadeira de balanço.A sua casa era bem arrumada, com um relógio que batia as horas. Em fim, o nosso antigo caipira, era hoje homem de negócios e aos domingos, ia á cidade, cavalgando um belo cavalo alazão, soltando boas baforadas de seu charuto, tudo isso por causa do BIOTÔNICO FONTOURA. 


Adaptação de Maria R. do Amaral

Fonte:http://xiquexiquense.blogspot.com.br

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